Colóquio sobre corpo dá ênfase nas subjetividades
por Joubert Arrais
Colaboração: Mônica Pimenta Velloso
Como humanizar o corpo quando este, tido como ícone da modernidade, é objeto de culto, manipulação, privatização e publicidade, corriqueiramente destituído de sentidos? A partir da sugestão de um olhar: a ênfase nas subjetividades. É o que pretende a primeira edição do colóquio "Corpo – identidades, memórias e subjetividades", que será realizado nos dias 8 e 9 de maio de 2008, na Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB-RJ), no Rio de Janeiro. O acesso é gratuito e com entrada livre.
Coordenado pelas pesquisadoras Mônica Pimenta Velloso, Joëlle Rouchou e Cláudia de Oliveira, da FCRB, o colóquio tem como intenção reunir profissionais e pesquisadores que trabalham com a temática do corpo em diferentes áreas do conhecimento, tais como história, literatura, antropologia, arquitetura, história da arte e comunicação. "De alguma forma, começa-se a perceber o corpo como construção social, cultural, simbólica, e não como realidade em si, enfim, como algo já dado", afirmam.
Tanto que algumas pesquisas e trabalhos da FCRB abordam, direta ou indiretamente, atemática "corpo", configurando-se como uma das principais motivações para a realização do encontro. Por exemplo, a pesquisadora Joelle Rouchou, em sua tese de doutorado, trabalhou com a memória dos judeus exilados do Egito (1956/57) e refugiados para o Rio de Janeiro. Nas entrevistas, eles contaram histórias de vida utilizando, muitas vezes, na reconstituição das memórias, os vários sentidos corporais.
Já a discussão sobre as representações do “nu feminino”, em meados do século XIX, através da tela A carioca, de Pedro Américo, é o tema da pesquisa desenvolvida por Cláudia Oliveira. Soma-se a estas, a pesquisa de Mônica P. Velloso, que versa sobre as representações corporais – sobretudo, através das danças – e como estas contribuíram para forjar uma nova subjetividade e sensibilidade no modernismo brasileiro, ou seja, um chamado corpo brasileiro.
A ênfase nas subjetividades desse colóquio tem horizontes comuns aos da Plataforma de Ação CorpoCidade. Confirma a presença de pesquisadores como Margareth da Silva Pereira (Proub/Faurj) com o artigo "Cidades sem corpo: as persistências do olhar funcionalista"; bem como Paola Berenstein Jacques (UFB/FAUFBA), que discute as "Corpografias urbanas: a memória da cidade". Além disso, este encontro pretende dar continuidade aos debates com foco na cultura urbana, por conta do setor de pesquisa histórica da FCRB e uma de suas linhas temáticas a "História do Rio de Janeiro".
Nesse sentido, o colóquio propõe desdobramentos: "como os cidadinos, através dos seus corpos, marcam e se deixam marcar pelas cidades em que vivem?". Fiquemos atentos.
MESAS, TEMAS E DEBATES
No primeiro dia de colóquio, quinta-feira, 08 de maio, a mesa 1 discute, das 10 às 12h30, o tema geral é "Corpo e reflexão histórica", com Denise Bernuzzi Sant´Anna (Horizontes do corpo), Eliane Robert Moraes (A prostituta segundo o modernismo) e Nizia Villaça (Os imagineiros do contemporâneo, representações e simulações), e como debatedora, Bernardete Ramos Flores (UFSC).
Às 14h, iniciam-se os debates da tarde. A mesa 2, "Escritas de si e do tempo", será apresentada a partir dos artigos de Márcia Abreu (Lascívia e contrição: leituras ocasionadas por um elogio fúnebre), Mônica Pimenta Velloso (Escritas de si e do tempo: a dança como metáfora) e Vera Lins (“Quando a visão se faz gesto!”), cuja debatedora é Ana Maria Mauad (UFF).
Em seguida, na mesma tarde, acontece a mesa 3, com o tema "É com o corpo que nos lembramos", com Viviane Matesco (Corpo e subjetividade na arte contemporânea brasileira), Maria Antonieta Antonacci (Corpos negros em zonas de contato interculturais) e Joëlle Rouchou (Memória do olfato: o cheiro de jasmim). Nesta, quem coordena os debates é Antonio Herculano Lopes (FCRB).
Já na sexta-feira, 9 de maio, segundo e último dia, a mesa 4 reúne, das 10 às 12h30, alguns pesquisadores cujos trabalhos estão relacionados ao tema "Corpo alegórico". São eles, Cláudia de Oliveira (“A carioca” de Pedro Américo: o corpo pulsante), Maria Luisa Távora (As formas e cores: Fayga Ostrower – do corpo operante) e Marize Malta (Corpos estranhos: Frankenstein e o objeto eclético). E como debatedora, Isabel Lustosa (FCRB).
No mesmo dia, à tarde, a partir das 14h, a mesa 5 debate sobre "Corpos no cinema", partindo da discussão proposta por Ivana Bentes (O que pode um corpo? – cinema, biopoder e corpos que resistem), Ieda Tucherman (O corpo transparente: o imaginário biotecnológico na ficção cinematográfica) e Alcides Ramos (Corpo, identidades, memórias e subjetividades em Lição de amor), sendo Ana Luiza Martins (Fundação Biblioteca Nacional) a debatedora.
Depois, ainda na sexta-feira, à tarde, é a vez da mesa 6 sobre "Reinvenções urbanas e modernidade", com Margareth da Silva Pereira (Cidades sem corpo: as persistências do olhar funcionalista), Paulo Vaz (Sofrimentos do corpo na cultura contemporânea: doença, trauma e crime) e Paola Berenstein Jacques (Corpografias urbanas: a memória da cidade no corpo), sendo a debatedora Regina Helena Alves (UFMG).
PROGRAMAÇÃO
quinta-feira, 8 de maio
10 às 12h30
Mesa 1 :
Corpo e reflexão histórica
Denise Bernuzzi Sant´Anna (PUC/SP)
Horizontes do corpo
Eliane Robert Moraes (PUC/SP, Senac-SP)
A prostituta segundo o modernismo
Nizia Villaça (UFRJ)
Os imagineiros do contemporâneo, representações e simulações
Debatedora: Bernardete Ramos Flores (UFSC)
14 às 18h
Mesa 2 :
Escritas de si e do tempo
Márcia Abreu (IEL – Unicamp)
Lascívia e contrição: leituras ocasionadas por um elogio fúnebre
Mônica Pimenta Velloso (FCRB/CNPq)
Escritas de si e do tempo: a dança como metáfora
Vera Lins (UFRJ/ FCRB e CNPq)
“Quando a visão se faz gesto!”
Debatedora: Ana Maria Mauad (UFF)
Mesa 3 : É com o corpo que nos lembramos ...
Viviane Matesco (EAV Parque Lage)
Corpo e subjetividade na arte contemporânea
brasileira
Maria Antonieta Antonacci (PUC/SP, Coord. Cecafro/PUC/SP)
Corpos negros em zonas de contato interculturais
Joëlle Rouchou (FCRB)
Memória do olfato: o cheiro de jasmim
Debatedor: Antonio Herculano Lopes (FCRB)
sexta-feira, 9 de maio
10 às 12h30
Mesa 4 :
Corpo alegórico
Cláudia de Oliveira (Ucam/ Faperj/ FCRB)
“A carioca” de Pedro Américo: o corpo pulsante
Maria Luisa Távora (EBA/UFRJ)
As formas e cores: Fayga Ostrower – do corpo operante
Marize Malta (EBA/UFRJ)
Corpos estranhos: Frankenstein e o objeto eclético
Debatedor: Isabel Lustosa (FCRB)
14h às 18h
Mesa 5 :
Corpos no cinema
Ivana Bentes (ECO/UFRJ)
O que pode um corpo? – cinema, biopoder e corpos que resistem
Ieda Tucherman (ECO/UFRJ/ CNPq)
O corpo transparente: o imaginário biotecnológico na ficção cinematográfica
Alcides Ramos (UFU)
Corpo, identidades, memórias e subjetividades em Lição de amor
Debatedor: Ana Luiza Martins (Fundação Biblioteca Nacional)
Mesa 6 :
Reinvenções urbanas e modernidade
Margareth da Silva Pereira (Proub/Faurj)
Cidades sem corpo: as persistências do olhar funcionalista
Paulo Vaz (ECO/UFRJ, CNPq/ Faperj)
Sofrimentos do corpo na cultura contemporânea:
doença, trauma e crime
Paola Berenstein Jacques (UFB/FAUFBA)
Corpografias urbanas: a memória da cidade
no corpo
Debatedor: Regina Helena Alves (UFMG)
Coordenação: Mônica Pimenta Velloso, Joëlle Rouchou e Cláudia de Oliveira
SERVIÇO
Colóquio Corpo – identidades, memórias, subjetividades
Dias 08 e 09 de maio
Local e promoção: Fundação Casa de Rui Barbosa – Rio de Janeiro
Entrada Franca. Sem inscrições.
Informações: (21) 3289 4640 ou historia@rb.gov.br
http://www.casaruibarbosa.gov.br/