vol.1
n. 03_ A cidade como campo ampliado da arte 
vol.1
n. 05 _ modos de subjetivação na cidade
 
vol.1
n.4 _ corpografias urbanas  
 
vol.1
n. 3 _ cidade como campo ampliado da arte 
 
vol.1
n. 02 _ cidades imateriais  
 
vol.1
n. 01 _ paisagens do corpo   
   
 

A cidade como campo ampliado da arte

Afetos e encontros possibilitam pensar e tratar a cidade como espaço onde se estabelecem outras relações e situações com a arte. Quer dizer, os corpos urbanos redefinem os corpos artísticos, ampliando ações e tecendo outros nexos. Entender um pouco essa dinâmica é o que pretende a [des]dobra desse mês, pois objetiva provocar nosso olhar para as trilhas orgânicas da arte no e pelo urbano. Uma organicidade que se revela, de outros modos, na relação corpo e cidade, e não somente na mera analogia e no bom trocadilho.

Iniciando a temática A cidade como campo ampliado da arte, a reportagem traz um breve relato sobre 1º Seminário Internacional Atividades e Afetos, realizado nos dias 14 e a 16 de maio, em Belo Horizonte (MG). Que, como dimensão coletiva, essa ação realizou-se pela possibilidade de interlocução entre a universidade, a arte e os movimentos sociais tidas como "mobilizadoras de subjetividades e políticas de resistência".

Na entrevista, Ronald Duarte e Glória Ferreira conversam sobre a elaboração de cartografias simbólicas no campo das artes e as relações nela impressas. Nessa transversalidade, Ronald fala da questão simbólica que se desdobra em outras significações, de ênfases políticas e sociais, comentando duas "interferências" urbanas realizadas em Brasília (2005) e em Nova Iguaçu (2006). Já Glória pontua aspectos sobre a expansão dos ditos signos artísticos como ação transformadora da realidade e cujas relações são "transitivas com o meio ambiente", o que faz emergir novos mapas e representações do fazer arte.

Desses devires-urbanos, o artigo de Pasqualino Romano Magnavita discorre sobre os devires-outros da cidade. Apresenta uma discussão conceitual sobre Corpos sem Órgãos (CsO), demonstrando a cidade como construtora de CsO's individuais (habitantes) e coletivos (grupos, comunidades). Segundo ele, "construção que, enquanto desejo, visa transformações criativas". Como exemplo, temos o ensaio-crônica sobre o Grupo de Interferência Ambiental – GIA, coletivo artístico que, entre os dias 12 e 25 de maio, apropriou-se da Igrejinha do MAM, em Salvador, e nela montou o seu "local de trabalho, interação e encontro”.

Eis um terceiro desbobrar que é justo ao nos colocar para refletir sobre como os usos das palavras ocupação, experiência e público estão quase esvaziadas de sentido. Pois vivemos num ter-de-sobreviver que torna a relação com a cidade constantemente automatizada, ou seja, um viver sem desejos outros de um-poder-viver. Daí ser providencial pensarmos como nossas ações e reações cotidianas são, de fato, dilatações corpóreo-artísticas de uma organicidade complexa que (se) engendra (n)a cidade.