vol.1
n. 03_ A cidade como campo ampliado da arte 
vol.1
n. 05 _ modos de subjetivação na cidade
 
vol.1
n.4 _ corpografias urbanas  
 
vol.1
n. 3 _ cidade como campo ampliado da arte 
 
vol.1
n. 02 _ cidades imateriais  
 
vol.1
n. 01 _ paisagens do corpo   
   
 

Atividades e Afetos: breve registro de um encontro

por:: cacá fosenca

O encontro entre duas expressões potentes de movimento  desdobrou-se  numa ação coletiva, o 1º Seminário Internacional Atividades e Afetos,  na cidade de Belo Horizonte entre os dias 14 e 16 de maio.  A dimensão coletiva desta ação realizou-se pela possibilidade de interlocução entre a universidade, a arte e os movimentos sociais, instituições entendidas como  mobilizadoras de subjetividades e políticas de resistência ao  aprofundamento da crise econômica, política, afetiva, social deflagrada na contemporaneidade.

Uma multiplicidade de abordagens  que em alguma medida interceptavam questões acerca dos modos de fazer e pensar, das  intervenções em espaços urbanos,  do corpo arte e subjetivação, das formas de resistência e das metodologias e intervenções encontraram um campo aberto de possibilidades para o diálogo neste colóquio. A  ambigüidade de cada um destes eixos de trabalho permitiu que  campos do conhecimento os mais diversos e que movimentos sociais de diferentes práticas e discursos   pudessem adentrar e expandir  o coletivo que se configurou no campus da UFMG.

As imediações da reitoria e da Faculdade de Filosofia e  Ciências Humanas da UFMG foram tomadas de idas e vindas de sacolas de chitas e tapetes amarelos, onde  ora ou outra se formavam rodas de discussão  no gramado, na arena, no milharal, nas salas de aula, nas salas almofadadas de terapia da faculdade de Psicologia. Uma convivência que  permitiu a troca de leituras sobre o mundo a partir de agenciamentos  forjados em diferentes cidades,  como:  experiências de criação de dispositivos lúdicos para o fazer educacional, artístico, psicossocial, urbanístico;   relatos de vivências  urbanas, afetivas, profissionais, corporais; ações de grupos ligados à outras subjetividades, como o movimento nacional da população de rua,  a rede brasileira de prostitutas,  o movimento nacional  dos catadores de material reciclável, o movimento sem terra, um grupo do  movimento de hip hop de Belo Horizonte, uma liderança sindical da CEMIG, um mestre de capoeira, enfim um encontro entre diferentes fluxos de vida, de afeto, de atividades, de desejos...

Algo interceptou todos estes fluxos e pode ser compreendido nas palavras que se seguem, de fato, buscando aprofundar as discussões sobre as questões sociais mais emergentes, sejam elas políticas, econômicas, ambientais, corporais e/ou subjetivas, a dimensão do afeto mostra-se central. Assim, nada mais premente do que esta discussão, uma vez que o alargamento das possibilidades de vida – a tão desejada transformação das condições concretas – passa necessariamente pelo afetar e ser afetado e pelo agir.  A centralidade assumida pelo afeto, numa conjuntura eminentemente organizada pela lógica do capital, da funcionalidade- racionalidade- cientificidade revela algo que em alguma medida subverte algumas formatações da academia, algo que pode ser sintomático de outras sensibilidades engendradas coletivamente, seja na construção de discursos acadêmicos mais permeados de experiências cotidianas- minoritárias,  seja na proposição de ações- discursos inseridos no âmbito da atuação sindical, associativa, subversiva, artística operados nos interstícios da Universidade, da Arte e dos Movimentos  Sociais.